Projeto apresenta três espetáculos no palco do TUCB

7 06 2010

Texto: Caroline Soares *

Fotos: João Roberto Simioni

Resultado da pesquisa do ator paulista Eduardo Okamoto, o projeto “10 anos por uma escrita do corpo”, resume uma década de estudo sobre a criação teatral fundada na organização de repertórios físicos e vocais do atuante. O evento acontecerá em cinco cidades do país : Belém, Natal, Goiânia, Porto Alegre e Belo Horizonte. Em Belém, entre oficinas e outras atividades,  o projeto inclui a apresentação das peças “Agora é à hora de nossa hora”, ” Uma estória abensonhada”  e “Eldorado” no Teatro Universitário Cláudio Barradas.

O espetáculo “Agora é a hora de nossa hora”  foi desenvolvido a partir da contribuição do ator para o projeto “Gepeto” – uma parceria da ONG ACADEC (Ação Artística para o Desenvolvimento Comunitário) e o CRAISA (Centro de Referência em Atenção Integral à Saúde do Adolescente)-  em que crianças e adolescentes de rua eram inseridos no mundo da arte. A pesquisa foi estendida para a coleta de depoimentos, ações, gestos e vozes, além de um estudo sobre a Chacina da Candelária.

Assim nasceu “Agora e na hora de nossa hora”, com direção de Verônica Fabrini, a peça já participou de grandes festivais de teatro do Brasil, como o Filo, do Paraná. O espetáculo ainda foi apresentado em outros países: Espanha, Suiça, Kosovo e Marrocos. Neste último, o ator recebeu o prêmio de Melhor Interpretação Masculina do Festival Internacional de Expressão Corporal, Teatro e Dança de Agadir.

Após o espetáculo, será lançado o livro “Hora de nossa hora: o menino de rua e o brinquedo circense” (Editora Hicitec, 2007). O livro de autoria de Okamoto sintetiza a sua experiência com os meninos de rua, assim como o processo que gerou o espetáculo.

Dois é bom

Além de “Agora e na hora de nossa hora”, a programação artística apresenta “Uma estória abensonhada”, em que Eduardo Okamoto dirige atores do Grupo Camaleão de Pesquisa em Teatro, do Rio Grande do Sul. O espetáculo adapta para a cena o conto “A praça dos deuses”, do escritor moçambicano Mia Couto. O processo de criação, assim como os solos de Eduardo Okamoto, contou também com um apurado trabalho de observação de pessoas reais.

Em cena, os atores contam a história do rico comerciante Mohamed Pangi Pathel que, em 1926, despende sua fortuna para festejar, em praça pública, o matrimonio de seu único filho. Festa igual nunca mais se veria naquelas paragens. Nos trinta dias de duração dos festejos, a ilha inteira vinha e se servia às arrotadas abundancias. Em final surpreendente, o ismaelita segreda-nos uma desculpa, revelando os motivos de tão inesperada celebração.

Três é bom demais

Novamente um solo de Okamoto, cujo processo criativo, dessa vez, foi fundado no estudo sobre a rabeca – instrumento de arco e cordas, presente em muitas manifestações de cultura popular no Brasil.

Em pesquisas de campo nas cidades de Iguape e Cananéia (litoral sul de São Paulo), o ator conheceu rabequeiros e seus construtores, recolheu causos, músicas, gestos, ações vocais, histórias etc. O premiado dramaturgo argentino Santiago Serrano partiu destes materiais primeiros para criar a fábula de um cego que, acompanhado por uma menina, busca o seu bom lugar: “Eldorado”. O espetáculo é dirigido por Marcelo Lazzaratto que, em sua concepção de encenação, emprega pouquíssimos recursos materiais, transferindo para o corpo do ator, para o uso da palavra e para a iluminação as tarefas de significação. Sobre o palco nu, destaca-se pela luz a presença de um homem cego que anda em círculos e imagina, cria, inventa realidades em busca do conhecimento.

“Eldorado” participou de alguns dos mais importantes eventos e festivais do país, entre os quais se destacam o Festival Internacional de Londrina, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, a Mostra Cena Contemporânea de Brasília e o Caxias em Cena, entre outros. Por sua atuação, Eduardo Okamoto foi indicado ao Prêmio Shell 2009, a mais prestigiosa premiação do país, na categoria de melhor ator.

    A programação foi contemplada pelo Prêmio Myriam Muniz de Teatro 2009 e, em Belém, conta com apoio do IAP, Teatro Cláudio Barradas, Escola de Teatro e Dança da UFPa e III Festival Territórios de Teatro. Conheça o restante da programação clicando aqui.

    • Serviço

    Agora e na hora de nossa hora – 7/06, às 19h (1ª sessão) e às 21h (2ª sessão). Espetáculo recomendado para maiores de 14 anos. Ingressos: R$5(meia para todos). Duração : 60 min.

    Uma estória abensonhada – 8/06, às 19h (1ª sessão) e às 21h (2ª sessão). Espetáculo com indicação etária livre. Ingressos R$5(meia para todos). Duração: 50 min.

    Eldorado – 9 e 10/06, às 19h.Espetáculo recomendado para maiores de 12 anos.Ingressos R$5 (meia para todos).

    * Com informações da produtora local, Cristina Costa e site http://www.eduardookamoto.com/